"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
(Eduardo Galeano)

A questão da desinformação

Tenho refletido muito sobre a questão do monopólio da comunicação. Ele existe não só no Brasil, mas é praxe em muitos países, já que "a informação é a alma do negócio", já dizia algum jornal por aí.
No período eleitoral podemos observar com maior clareza como atua o cartel da informação no Brasil.  Proliferam golpes e escandâlos que apontam responsáveis antes mesmo da investigação dos fatos e desqualificam toda tentiva de debate político transformando a corrida eleitoral num show de horrores e desrespeito às leis e o povo. Assistir ao Jornal Nacional me deixa constrangida por perceber suas patéticas investidas contra a inteligência alheia. Seus métodos de manipulação são primários, nada diferente do que fazem as crianças com seus pais. Mas fazem isso desinteressadamente?
As empresas de comunicação no Brasil são responsáveis pela manutenção dos interesses das 20 mil famílias mais ricas do país e especialmente da branca elite paulistana. A Rede Globo se consolidou nos anos da ditadura militar como órgão de propaganda e base de sustentação de sua ideologia e permanece até hoje desempenhando o mesmo papel, lembrando apenas que a ditadura que vivemos hoje é a do poderio econômico.
Se analisarmos mais cuidadosamente esta questão, perceberemos que o monopólio da comunicação pode ser o maior entrave às reformas tão polêmicas e necessárias no país como é responsável também pela "deseducação" do povo, a homogeneização cultural, a deturpação da realidade, a disseminação da ideologia fascista (é claro que tudo bem camufladinho nas entrelinhas do discurso principal!), a manutenção do poder pelas elites e a desqualificação dos movimentos sociais e da democracia.
A imprensa velha se absteve de participar das discussões na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, partindo em debandada e alardeando que estava-se tentando cercear a liberdade de imprensa no Brasil. Usou as reformas em curso na Venezuela pelo ousado Hugo Chavez e agora também as de Cristina Kirschner na Argentina, sempre de maneria leviana e mentirosa, do tipo que mente dizendo a verdade, recurso antigo criado pela publicidade.
O brasileiro que se julga informado, pois toma o café da manhã degustando os principais jornais e revistas do país como O Globo, Veja, Folha, Estadão, Isto é, Época e se rende ao padrão de qualidade Globo, não consegue perceber que na verdade ele toma pílulas diárias de desinformação. Seu pensamento é manipulado diariamente e suas opiniões são "deformadas" de forma a internalizar toda a ideologia da elite que coloniza o Brasil há 500 anos, mudando apenas de métodos, nomes, indumentária e maquiagem. Lógico que o cidadão não é culpado por isto, aliás, ele nem se dá conta, pois a tradição sempre o empurrou nesta direção e imbuído de toda a boa fé ele realmente acredita na imparcialidade da imprensa e na qualidade das informações distribuídas por pseudo intelectuais empedernidos e jornalistas deuses, proclamadores da verdade absoluta.
O mais curioso dos fatos é que com a disseminação de novas fontes de informação na internet, único espaço ainda livre de expressão popular, as pessoas ainda acessam a rede e consomem a mesma velha informação que são obrigadas a engolir pela TV e pelos periódicos cosnsituintes do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Apesar de óbvio para muitos, a grande maioria da população ainda não se deu conta de que a imprensa controla a esfera política através da manipulação da informação e uma pretensa imparcialidade que confunde o público.
No final das contas, o sujeito que não lê jornais, nem revistas e nem assiste ao Jornal Nacional está melhor informado e educado do que aquele que segue rotineiramente o roteiro da desinformação de massa.
No Brasil, a classe média, graças ao trabalho contínuo da televisão principalmente, se apropriou de tal maneira dos valores da elite minoritária que além de defenderem valores que o mantem  distante da riqueza que tanto almejam, vão de encontro às suas necessidades mais básicas e o distanciam das práticas democráticas. Tem raiva de pobre, defendem a pena de morte, a diminuição da maioridade penal, desqualificam os movimentos sociais, sentem vergonha do presidente operário que é admirado no resto do mundo e tem vergonha de ser brasileiros, pois gostariam mesmo é de serem americanos ou europeus. Tudo isto graças ao padrão de qualidade e eficiência dos meios de comunicação do país. Ninguém pode dizer que não cumprem seu papel com excelência.
É preciso que o brasileiro perca o medo de se abastecer em novas fontes de informações, tanto jornalísticas quanto históricas e comece a construir suas próprias opiniões e críticas. Enquanto não se consegue quebrar o monopólio do PIG, vamos explorar o vasto universo que se apresenta pela tela do nosso computador caseiro.

Sugestões de leitura: Agência Carta Maior, Carta Capital, Caros Amigos e todos os "blogs sujos" que distribuem notícias com responsabilidade, transparência e verdade. É só ter disposição para explorar e confrontar diferentes informações para assim formar a própria opinião. E o melhor é que não custa nada.



http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4779

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