"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
(Eduardo Galeano)

REFLEXÕES DE UM EDUCADOR ANÔNIMO - 01/10/09

Para de sonhar Ana Paula.
Essas histórias que vc manda de vez em quando me fazem rir (monitores maus, técnicos(as) bonzinhos).
Acorda... a grande maioria desses jovens não tiveram oportunidade eu sei, contudo não é motivo para fazerem as atrocidades que fazem, fazem tudo porque têm a consciência de que nada lhes acontece.

Quando vc cita a falta de estrutura familiar sem dúvidas muitos de nós concordamos, em partes, mas eu gostaria que vc comentasse mesmo era sobre a realidade para esses adolescentes(criminozos), a consequência de seus atos, gostaria que os tratassem como deveriam ser tratados.
Para mudar é necessário investimentos na base de tudo isso.
Aqueles que estão presos(internados, cumprindo medida sócio-educativa(detesto esse nome) deveriam ser tratados como bandidos, aí sim eles pensariam bem antes de cometer outro crime, desculpe, ato infracional.
Pensa comigo: vc roubou um pão na padaria da esquina e ao chegar em casa sua mãe lhe falou assim: - filha vc não pode fazer isso, isso é feio, mas tudo bem estamos precisando mesmo... daqui a alguns dias vc repetirá a mesma delinquência ou não?????? te dou um doce se vc ADIVINHAR.
Acorda pra vida se põe de pé a verdade pra nós já amanheceu.( letras de uma música linda do
Grupo Semeando)



O texto acima foi enviado por um de nossos educadores que achou por bem não se identificar. Não acredito ter sido sua intenção, mas acabou sendo bastante colaborativo. Sua visão do delito e do adolescente nos mostra quem são e como pensam muitos de nossos educadores.

Não podemos generalizar e acreditar que todos pensem desta maneira, mas também não podemos deixar de refletir sobre a influência e os efeitos que este tipo de abordagem possa ter dentro de uma unidade de internação.

Vivemos em uma sociedade cada vez mais alienada e contraditória, intelectualmente estéril, carente de padrões éticos, consciência crítica e perspectiva histórica. Se o processo sócio-educativo é essencialmente dialético, pois trata de entender as contradições da sociedade e defender uma posição, como esperar do agente sócio-educativo, fruto desta mesma sociedade, a construção de relações baseadas em valores éticos e solidários? Como iremos educar nossos educadores?

5 comentários:

Anônimo disse...

A falta de assinatura não é problema. Esse pensamento - digno de um âncora de programa de TV policialesco - poderia ter sido proferido por qualquer um da maioria dos nossos colegas (as diferenças, basicamente, ficariam por conta dos erros de português). Isso na verdade denuncia, por um lado, a quase absoluta incapacidade das pessoas de usarem os seus próprios olhos e cérebro, e, por outro, a disposição que têm para abraçar prontamente esse tipo de solução, tão instantânea e mágica, quanto criminosa. No fim das contas há um trágico paradoxo no fato de terem sido selecionadas pessoas tão desprovidas de bom senso pra um trabalho que exige grandeza e inteligência.

Fernanda Granja disse...

A colocação do colega que não quis se identificar é covarde! Dá muito mais trabalho educar do que espancar. Tenho certeza que o mesmo nunca leu sequer um livro em toda sua vida. Pessoas assim são desprovidas de qualquer senso crítico e formação política; são valores éticos e morais se encontram no lixo. Não conseguem entender minimamente o movimento das relações sociais contidas na sociedade... Minha decepção é tamanha que faltam palavras para expressar-me! Esse tipo de atitude, para mim, é sinônimo de ignorância.

Thais disse...

Até parece que tratar alguém como bandido, enrigidecer, apelar para o sistema prisional, diminuir a maioridade penal, adiantaria alguma coisa!!
Todo "bandido" sabe que corre o risco de ser preso e nem por isso deixa de cometer crimes.
Já viu cadeia educar alguém? Se já não funciona para adultos, funcionaria então para adolescentes?
Temos de parar de ficar dando somente respostas repressivas (movimento lei e ordem), pensando em construir presídios e outras ações do gênero, e começar a pensar outras respostas diante da violência, mudar nosso projeto societário, construir uma cultura de paz (mas como fazer isso numa sociedade capitalista, onde a violência é um dos efeitos colaterais do sistema?).
Dizer que uma coisa é errada não inclui tratamento desumando, vexatório, nem negar a humanidade do outro. Pra isso existe o diálogo, a reflexão conjunta e todas as técnicas pedagógicas que o Estado, ao ter a tutela dos indivíduos, deve recorrer. Isso se chama educar!
Essa história de monitor mau e técnicos bonzinhos é ridícula!! Não sei quem inventou, mas alguém tem que parar! Somos todos uma equipe e temos que trabalhar juntos!
Julgar o mérito do que o adolescente fez é função do sistema de justiça, e por isso o adolescente está cumprindo medida. Nós somos executores de uma política pública e temos que executá-la com qualidade!Garantindo todos os direitos individuais dos adolescentes.
Compreender o adolescente que comete infração é compreender o mundo em que ele está inserido, se suas histórias sofridas não justificam seus atos, pelo menos explicam, e é também o que vai me apontar caminhos para uma intervenção, para contribuir no processo de rompimento da trajetória infracional do adolescente.
Ana, são pessoas como você que me ajudam a renovar a esperança e a acreditar num outro mundo possível!

Anônimo disse...

A falta de assinatura não é problema. Esse pensamento - digno de um âncora de programa de tv policialesco - poderia ter sido proferido por qualquer um da maioria dos nossos colégas (as diferenças, basicamente, ficariam por conta dos erros de português). Isso na verdade denuncia, por um lado, a quase absoluta incapacidade das pessoas de usarem os seus próprios olhos e cérebro, e, por outro, a disposição que têm para abraçar prontamente esse tipo de solução, tão instantânea e mágica, quanto criminosa. No fim das contas há um trágico paradoxo no fato de terem sido selecionadas pessoas tão desprovidas de bom senso pra um trabalho que exige grandeza e inteligência.

Anônimo disse...

Algumas pessoas quando não estão satisfeitas com seus cargos, quando não se enquadram, quando não têm o perfil mas possuem um pouco de dignidade, acabam se afastado de suas funções. Por que pessoas espertas e inteligentes não têm problema em conseguir outro emprego ou “se virar”. Mas talvez nosso companheiro não tenha percebido as novas mudanças no conceito de medida sócio-educativa. Apesar de novo nesse meio, já está encardido, fedendo com aqueles arcaicos costumes dos caceteiros e tonfeiros. Esperando que esse interessante educador volte a visitar esse blog, mando aqui um recado pra ele:

Volta pra casa. Desocupa a moita. Não se apegue a essas coisas pequenas como o salário, com certeza você conseguirá um bom emprego escrevendo na Veja. Larga a Educação, pega a mão do DiOgro Mainardi e sai com ele pelo mundo.