"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
(Eduardo Galeano)

Um pouco da minha vida – por A.J. (23/09/09)

Certo dia, quando entrei no banheiro da escola vi dois adolescentes cheirando cocaína. Um deles perguntou se eu queria cheirar e eu falei que não. Eles insistiram tanto que eu acabei cheirando. Foi aí que começou tudo. Com o passar do tempo eu comecei a traficar drogas e por causa dela eu vim parar onde estou hoje, no CIAP.

Por causa dessa droga eu comecei a fazer muita coisa ruim, mas essa internação me fez enxergar o mundo de maneira muito diferente. Enxergar um futuro muito melhor longe das drogas e da violência. Graças à Deus eu já penso em sair daqui só com um objetivo. Construir uma família, terminar meus estudos e falar para a sociedade que eu posso mudar minha vida radicalmente para melhor e ter tudo que eu quero trabalhando muito, sem precisar roubar ou traficar.

Você que está lendo isso agora, eu me arrependo muito de ter cheirado aquela cocaína lá no começo da história, mas a vida ensina por bem ou por mal. Porque estou nessa internação, quando eu peguei meu primeiro saidão, pessoas me julgavam porque estar aqui dentro é estar abaixo deles, mas eu pensei bem e falei que ninguém nasce bandido, ladrão ou traficante. Apenas desconhecem a linha divisória entre o real e o fantástico, criando ilusões, se arriscando no crime.

Quando um menor pega uma arma e vai roubar, é certo que não está estudando ou fazendo alguma coisa de proveito. A sua miséria permite que ele roube para não morrer de fome.

A elite também rouba e nem por isso eles são chamados de bandidos ou ladrões. Pelo contrário, são chamados de "Doutor". Este é meu ponto de vista.

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