"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
(Eduardo Galeano)

Reflexões - 05/07/09

Durante este período que passei sem atualizar nosso blog refleti muito acerca das dificuldades do processo de educação. Há muito tempo eu comecei a pensar em educação no sentido de questionar a que recebi e que na verdade o povo brasileiro vem recebendo ao longo dos séculos. Enquanto me preparava para o nascimento de minha primeira filha comecei a pensar que tipo de educação gostaria de dar a ela e pensar o quanto a individualidade do ser pode influenciar o todo.
Depois de entrar no CIAP mergulhei fundo na pedagogia e na educação. Foi um processo rápido e sincrônico, pois as coisas foram acontecendo de maneira sintonizada. Primeiro a vontade de desenvolver uma atividade de qualidade para os educandos, a criação da oficina, o curso do Prodequi, o contato com a pedagogia de Antônio Carlos, o grupo Superação...
Fui percebendo com o desenrolar do projeto que a educação no contexto das medidas sócio educativas envolve não só os adolescentes, mas também a comunidade sócio educativa inteira. O entendimento deste processo educativo consegue atingir diferentes níveis de repercussão. Desde os mais negativos aos posistivos.
Apesar de mergulhar cada vez mais na triste realidade do mundo em que vivemos sou idealista e com todas as adversidades consigo ainda ser otimista. Talvez, se não houvesse preservado a ingenuidade e a boa fé hoje me seria impossível sonhar e continuar caminhando. Como já disse Galeano, é a utopia que nos faz continuar. Mas o caminho não é fácil e a caminhada pode ser bem longa e cansativa. São muitos os obstáculos que poderiam me fazer desistir de tudo, mas a vontade de servir ao outro, que no fim é como servir a mim mesma me motiva cada vez mais.
As duas últimas semanas foram bem difíceis para a oficina. Alguns boicotes, desmotivação dos adolescentes, evasões da oficina, fofocas, intrigas... enfim, foram muitos os motivos para uma pausa reflexiva. E como o que não me destrói me fortalece, os últimos dias da semana operaram um movimento diferente. Enquanto preparava um relatório que justificava as ausências e a desmotivação, não só dos jovens como minha também, vi crescer o número de pedidos de participação na oficina.
Como uma fênix, a Oficina da Palavra ressurge fortalecida, mais dinâmica, com nova metodologia e muitos novos adolescentes. São hoje 37 jovens e mais umas quatro ou cinco promessas de inclusão.
Muitas surpresas entre os adolescentes mais novos. Muita vontade de aprender e discutir a realidade.
Depois de várias descobertas infelizes a respeito do entendimento que as pessoas tem sobre o meu trabalho, saí mais forte e convicta da importância dele.
E para aqueles que desconhecem e preferem atirar pedras, sinto muito pela estreiteza de pensamento. Permanecer ignorante é mais fácil. Um porto seguro para a maioria. Conhecer, pensar, descobrir, subverter e revolucionar são privilégios de poucos. Sendo assim prefiro a solidão.
Viva a contra cultura!!!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Viva você, Ana Paula!
É isso aí, não dá mole, não!!!

bjos mil!!!
Wesley Romano