"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
(Eduardo Galeano)

De volta às palavras do mestre

Ando um pouco afastada da obra de meu mestre Galeano desde o fim da Oficina da Palavra.
Hoje acordei saudosa de suas palavras que, mesmo econômicas e contidas, provocam intermináveis e profundas reflexões. Sua obra é indispensável a todos os latinoamericanos que, por obra da constante exploração do continente por diversos agentes, foi sendo sempre relatada sob a ótica do vencedor e teve a sua verdade escondida, tímida, encolhida, esperando que alguém a resgatasse. Eduardo Galeano foi e vem sendo esta força, que nos revela com amor, ironia e poesia a cruel história de nosso povo.
Por muitos anos o Brasil esteve virado de costas aos nossos irmãos do Sul e para nós, a história de nosso continente e até a nossa própria esteve esquecida, camuflada e distorcida. Ela nem nos pertencia.
A partir do histórico Governo Lula, o país abraçou sua América Latina e finalmente passamos a olhar nossos vizinhos com fraternidade e propriedade, no sentido de compreendermos nossas particularidades, divergências e semelhanças e nossos projetos futuros que somente avançarão à medida que houver  integração ( que já vem acontecendo) e cooperação. É nesse novo contexto que grandes líderes populares emergiram na região e juntos buscam corrigir as desigualdades e injustiças históricas cometidas contra nosso povo. Precisamos amadurecer muito para chegarmos ao ponto de eleger em nosso continente grandes nomes como Evo Morales, Rafael Correa, Hugo Chavez, Lula, Fernando Lugo, os Kirschners e agora Dilma, deixando claro o desejo popular de libertar-nos do poder da elite que nos explorou por 500 anos.
Estamos mais perto de nossa utopia agora, mas seguiremos em frente a ponto de nunca alcançá-la, pois nossos sonhos serão sempre aprimorados e o ser humano, eternamente em construção, buscará sempre um mundo mais possível.
Deixo aqui poucas e boas palavras de Galeano para desejar um bom dia para todos.





A Televisão



A Tevê dispara imagens e reproduz o sistema e as vozes lhe fazem eco; e não há canto do mundo que ela não alcance. O planeta inteiro é um vasto subúrbio de Dallas. Nós comemos emoções importadas como se fossem salsichas em lata, enquanto os jovens filhos da televisão, treinados para contemplar a vida em vez de fazê-la, sacodem os ombros.
Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou jornal de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia, os preços já os proíbem.


Eduardo Galeano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ana,
seu trabalho e a visão crítica despertada pela Oficina da Palavra tem feito falta no CIAP.
Há tempos estou para lhe escrever e declarar o quanto foi importante, interessante e inquietante as idéias trocadas com você e com os jovens que frequentavam sua Oficina. Estamos precisando novamente desta sacudida, de sair do mesmo, de rever conceitos, de revirar o mundo ao avesso...
Beijo
Priscilla